Sargento da PM/PE foi morto durante resgate de presos no PE
Um sargento da Polícia Militar foi baleado e morto durante uma tentativa de resgate de detentos na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife, na noite desta quarta-feira (13). O tiroteio começou por volta das 20h30, e a situação só foi controlada três horas depois. Um helicóptero da Secretaria de Defesa Social com canhão de luz foi utilizado para procurar os suspeitos, mas ninguém foi localizado. Informações não oficiais apontam que cerca de 20 homens teriam tentado retirar os presos da unidade escalando o muro e alguns internos teriam utilizado cordas artesanais para sair, mas a fuga não foi confirmada pela Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (Seres). Durante a madrugada, será feita a contagem dos internos. Uma árvore chegou a ser derrubada na estrada para impedir a chegada de reforço policial e captura do bando.
Rinaldo Azevedo Campelo, de 49 anos, foi atingido por um tiro na cabeça ao tentar impedir que suspeitos se aproximassem da unidade carcerária para levar detentos que cumpriam pena no regime semiaberto, ou seja, que regressaram à penitenciária de noite após saírem durante o dia para trabalhar. O sargento estava à disposição do presídio, mas já atuou na Guarda Patrimonial e morava em Abreu e Lima. Baleado, ele chegou a ser socorrido para o Hospital Municipal de Itamaracá, mas não resistiu à gravidade do ferimento.
O delegado João Britto, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi à penitenciária para as investigações iniciais sobre a morte do sargento. “Elementos criminosos estavam preparando um resgate de presos. Foram muitos tiros. Rinaldo foi baleado e veio à óbito. Esse tiro, pelas características, partiu dos suspeitos. Estamos fazendo varredura no local para saber quem teria cometido o crime, mas ninguém foi localizado ainda e nem a arma foi encontrada”, adiantou o investigador.
Será feita uma perícia no local em busca de pistas do bando que participou da tentativa de resgate. “Provavelmente, eles quiseram derrubar uma parte do muro para que pudessem escalar e entrar no presídio. Podem até ter escalado o muro, mas não houve uso de instrumento explosivo. O sargento tentou impedir essa possibilidade de resgate e, no confronto, foi atingido”, detalhou João Britto.
Segundo a polícia civil, se internos realmente conseguiram escapar, não foi um número expressivo. “O clima é de dificuldade. É preciso contingenciar os pavilhões para que não haja uma rebelião maciça e outros detentos não se aproveitem para fugir. Não temos indicativo de fuga expressiva, mas ainda será feita a contagem de internos”.
Segundo testemunhas, muitos tiros foram disparados contra as guaritas 4 e 5. Um policial chegou a se rastejar na passarela por 150 metros para sobreviver ao ataque. O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco (Sindasp) também foi para a Barreto Campelo e disse que houve fuga. “Criminosos de fora para dentro atiraram contra a guarda externa, entre as guaritas 4 e 5. Foi quando o sargento foi alvejado na cabeça. Estão sendo levantados quantos presos fugiram”, assegurou. Os internos teriam utilizado cortas artesanais, conhecidas como teresas, para sair.
De acordo com o Sindasp, apenas sete agentes penitenciários estavam no plantão e somente 40% das guaritas estão ativas com policiais militares, das 12 que existem na unidade. “Como agravante, foi tirado a Radiopatrulha, que dava cobertura com reforço externo”, criticou. A Penitenciária Barreto Campelo tem capacidade para 430 reeducandos e abriga, atualmente, cerca de dois mil.
A Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco disse que foram acionados o Batalhão de Choque, a Gerência de Operações e Segurança (GOS/Seres) e a Polícia Militar para conter o tumulto. “No momento (23h06), a situação está controlada e não há informação de fugitivos”. O órgão informou também que seguirá com a apuração do caso.
Tumultos recorrentes
Ações violentas na Penitenciária Barreto Campelo não são novidade. Em outubro passado, dois detentos foram mortos e um ficou ferido também numa noite de quarta-feira (24). Armados com revólveres, pistolas e até mesmo com um fuzil, os presos receberam os policiais que tentavam conter o tumulto interno a tiros.
A briga entre os reeducandos começou às 18h e só foi controlada às 20h. De acordo com a Secretaria de Ressocialização de Pernambuco, o motim não foi classificado como rebelião e não houve tentativa de fuga. O Batalhão de Choque e o Bope entraram na unidade prisional para apreender os armamentos, mas só recolheram um revólver calibre 38.
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