Exclusivo: mãe de criança feita refém pelo pai fala sobre o caso
“Eu vinha vivendo em função da mente dele. Estava sempre torcendo para ele ficar bem, feliz. Quanto mais ele estivesse melhor, eu estaria e meu filho também”. Essas declarações são da professora Fernanda Patrícia, ex-esposa do policial militar Hermano Mangabeira, que manteve o filho dos dois refém sob a mira de um revólver por mais de quatro horas na quinta-feira (5), em Macaíba, Região Metropolitana de Natal.
Fernanda falou com exclusividade para a equipe da TV Ponta Negra, emissora do Sistema Opinião, na tarde da sexta-feira (6), quase 24 horas após os momentos de tensão passados pela família. O que levou o pai a ameaçar tirar a vida do próprio filho? A professora relatou a convivência delicada com o ex-marido após a separação.
Leia também:
“Meu irmão está muito doente”, diz irmã de PM que fez filho refém
PM que manteve filho como refém está internado no hospital
Homem mantém filho de 5 anos refém sob mira de arma. Assista
O casal está divorciado há 2 anos e 3 meses. Segundo Fernanda, Hermano não aceitava a separação. “Não foi a primeira vez que passei por situações difíceis desde a minha separação. Eu vivo muito tempo assim, em função da mente dele. Desejando o melhor para a vida dele para que eu pudesse seguir a minha”, explicou.
A professora contou que vivia na tensão, com medo de algo assim acontecer. “Nunca descartei a possibilidade de algo difícil. Eu sabia que se ele tivesse esses excessos dele, poderia fazer algo extremo”, destacou.
Dilema após a separação
Segundo a ex-esposa, na tentativa de voltar o relacionamento, o PM já tinha combinado de ficar uma semana com o filho e ela outra. “No período que ele estava com o nosso filho, ele já chegou a dizer que só entregava a criança se eu voltasse para ele”, contou Fernanda.
“Ele começou a insistir, vamos sair só eu e você. E eu disse – Hermano não dá certo, porque nosso relacionamento acabou por falta de amor. Eu não te amo mais e você também não, então para que voltar?”, relatou.
Momentos de desespero
Fernanda esteve aflita acompanhando as horas de negociação da polícia para que Hermano liberasse a criança e os dois saíssem com vida. “Quando me mandaram entrar na delegacia, eu ouvi um barulho de tiro e pensei, ele matou Hércules. Eu pensei que ele tinha matado meu filho e se matado. Eu me desesperei”, contou a professora.
“Meu filho é tudo pra mim. Sempre tive vontade de ser mãe e eu pensei que ia perdê-lo e se isso tivesse acontecido não iria me perdoar nunca”, destacou.
Medo do futuro
Fernanda Patrícia disse em entrevista que o que a mantém de pé é a fé em Deus e a vontade de viver por ela e pelo filho, mas que teme o futuro. “Tenho medo. Da outra vez ele ficou três meses preso e não sei quanto tempo vai ficar dessa vez. Ele pode ficar um mês, cinco meses, mas ele vai sair de novo”, afirmou.
Inquérito
O delegado de Macaíba, Cidórgeton Pinheiro, informou que testemunhas foram ouvidas, inclusive Fernanda e a vítima, o filho de 7 anos. Ainda prestaram depoimentos algumas pessoas que participaram da negociação e familiares.
A Polícia Civil pediu a prisão do PM. “Foram vários crimes. Cárcere, disparo em via pública, resistência à prisão, desobediência, porte ilegal de arma, descumprimento de medida protetiva, receptação de arma de fogo e sequestro qualificado são certos que ele cometeu”, explicou Pinheiro.
Cidórgeton Pinheiro esteve o tempo todo negociando com Hermano durante o sequestro na tarde de quinta-feira. O PM já estava afastado da corporação por problemas psiquiátricos e após esse sequestro está custodiado no Hospital da Polícia Militar.
OP9/RN