Ceará tem quinto dia seguido de incêndios a veículos e prédios públicos; frota de ônibus é reduzida em Fortaleza

Prédios públicos, caminhões, ônibus e carros de concessionárias foram alvos de ataques em Fortaleza e no interior do Estado desde a sexta-feira (20). Foram pelo menos 17 ataques somente nesta segunda-feira (23) e dois nesta terça-feira (24). Ao todo, já foram pelo menos 28 ataques foram registrados no estado em cinco dias. Dez pessoas foram capturadas até a noite de segunda.

Os alvos mais recentes, entre a noite de segunda e esta terça-feira, foram:

  • a 15ª Unidade do Juizado Especial Cível e Criminal, no Bairro Vila Velha, na capital, onde uma bomba caseira foi detonada;
  • dois caminhões queimados em Maracanaú, na Grande Fortaleza
  • um caminhão incendiado no pátio da sub-prefeitura de Pacatuba, na Grande Fortaleza
  • cinco veículos estacionados na garagem da prefeitura do município de Jucás, a 407 quilômetros de distância da capital, também atingidos pelo fogo.
  • um caminhão sobre a ponte do Rio Ceará, que liga Fortaleza a Caucaia
  • dois ônibus estacionados em um posto de gasolina, no Bairro Palestina, na cidade de Canindé.

Pelo menos três ônibus do transporte coletivo, dois carros da empresa Enel Distribuição Ceará e um carro da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) também foram incendiados em Fortaleza nesta segunda-feira (23). Testemunhas afirmam que homens colocaram fogo nos veículos usando gasolina. As ações começaram por volta de 12h.

Caminhões, carros particulares, veículos de transporte coletivo, uma torre de telefonia e uma loja revendedora de veículos estão entre os alvos atacados. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas nas ações. Um motorista ficou ferido na perna em um ataque a uma topique no Bairro Sítio São João, em Fortaleza, e o motorista de um caminhão teve uma queimadura no braço quando o veiculo onde ele estava foi incendiado em Maracanaú.

Frota reduzida

Com os ataques, a frota de ônibus de Fortaleza e Região Metropolitana foi reduzida. Nesta terça-feira (24), somente 70% do total habitual de coletivos vai circular. Conforme o Sindicato Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus), todas as linhas estarão disponíveis, contudo, algumas devem mudar a rota.

O Governo do Estado anunciou que os ônibus serão acompanhados por agentes da Polícia Militar.

A Secretaria da Segurança Pública do Ceará (SSPDS) informou que, ao todo, sete suspeitos foram capturados por envolvimento nas ações criminosas. Outras cinco pessoas teriam sido identificadas, segundo a secretaria. Os crimes se assemelham à série de ataques coordenados por membros de facção ocorridos em janeiro deste ano no estado. A SSPDS considera que os ataques começaram no sábado (20), mas na sexta-feira (20) houve um caminhão roubado em Quixadá, que foi incendiado em Quixeramobim – caso que ainda não está esclarecido.

Policiais militares de férias vão ser convocados para retornar às atividades, e servidores que estavam em cursos tiveram as aulas suspensas para reforçar o policiamento ostensivo, informou a secretaria.

Sequência de ataques no Ceará

  • Sexta-feira (20): Caminhão roubado em Quixadá e incendiado em Quixeramobim;
  • Sábado (21): ataque contra torre de telefonia em Messejana; um caminhão de frios incendiado na Avenida das Adenanteras, no Bairro Cidade 2.000;
  • Domingo (22): ataques a três caminhões na BR-116 no Bairro Ancuri; posto de combustível incendiado em Quixadá; veículo carregado de papel higiênico em Maracanaú também é alvo; além de um ataque incendiário a um caminhão no Bairro Cidade 2000; ; e tentativa de ataque a uma loja de veículo na Avenida Godofredo Maciel;um carro da Enel atacado em Quixadá
  • Segunda (23): ônibus incendiados nos bairros Ancuri, Aracapé e Canindezinho (empresa Fretcar); ataque a dois carros da Enel (nos bairros Jangurussu e Conjunto Esperança); uma topique incendiada no Bairro Sítio São João; um ônibus escolar atacado na cidade de Paracuru; uma topique incendiada no Bairro Vila Velha; um carro da Cagece queimado; um carro da empresa Mob atacado; um micro-ônibus incendiado no Parque São José; um ônibus da empresa Vitória queimado na ponte da Barra do Ceará; ônibus de banda de forró na mesma área; um juizado especial foi atacado e teve um princípio de incêndio no Vila Velha; o estacionamento da prefeitura de Jucás foi incendiado e quatro veículos foram atingidos pelas chamas, entre eles, dois ônibus escolares; dois caminhões que estavam estacionados em uma rua no Alto Alegre II, em Maracanaú, foram queimados e um idoso ficou ferido; e um caminhão de coleta de lixo foi incendiado por três suspeitos em Pacatuba.
  • Terça-feira (24): um caminhão de carga foi interceptado e incendiado obre a ponte do Rio Ceará, que liga Fortaleza a Caucaia, por volta de 1h; e dois ônibus estacionados em um posto de gasolina, no Bairro Palestina, na cidade de Canindé.

Segundo uma fonte do sistema penitenciário informou ao G1, a hipótese para a sequência de ataques é que agentes de segurança detectaram e impediram um plano de fuga em massa de um presídio em Aquiraz, na Grande Fortaleza. O projeto da fuga foi achado em um papel na boca de um detento.

Ainda conforme a fonte, os internos que iriam fugir passaram por um regime disciplinar mais rigoroso, com vistorias nas celas mais frequentes e a permanência em áreas isoladas da detenção. A punição dos presos levou aos ataque do lado de fora das unidades prisionais.

Secretário e chefe da PM alertam sobre plano de violência no CE: ‘Estado sob ataque’

Pelo WhatsApp, o secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, e o chefe da PM no Ceará, Alexandre Ávila de Vasconcelos, pedem para que as equipes de segurança fiquem de alerta. “Mais uma vez o Estado está sob ataques, tudo indica. Temos que novamente mostrar que o estado não cederá nenhum milímetro”, afirmou Mauro Albuquerque.

O governador do Ceará, Camilo Santo, afirmou que “não iria recuar” das medidas mais rigorosas nos presídios do estado. “Não recuaremos em absolutamente nada nas medidas que foram tomadas até aqui. Muito pelo contrário, seremos cada vez mais rigorosos com quem desrespeitar a lei. A possibilidade do retorno às regalias nos presídios é zero.”

Postado em 24 de setembro de 2019 - 7:46h